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Como lidar com a disrupção?

A Kodak demorou para entrar na era digital. A Blockbuster não conseguiu competir com os downloads de filmes. Hotéis e empresas de táxi sentiram os efeitos de uma crise com Airbnb e Uber respectivamente. Livrarias norte-americanas perderam espaço quando a Amazon se destacou. E muito provavelmente logo haverá algum segmento no mercado que sofrerá na pele o poder da disrupção.

Com o surgimento da Quarta Revolução Industrial, muitas empresas lutam contra riscos – na maioria das vezes não tão visíveis assim – da obsolência de suas práticas, processos e modelos de negócio.

É fato que as tecnologias disruptivas têm o potencial de criar um enorme valor para as organizações. Seja esse valor percebido para entregas mais rápidas, para conhecer melhor os consumidores ou até criar novas categorias de produtos e serviços, a disrupção apresenta diversas oportunidades. No entanto, essas oportunidades possuem obstáculos a serem superados.

Neste artigo, abordaremos sobre a importância de uma gestão de riscos focada em identificar e se preparar para lidar com as perturbações que podem ser causadas pela disrupção.

Como conter a ameaça da disrupção?

São cinco fatores que empresas devem considerar para combater ameaças de disrupção. Esses fatores, de acordo com o artigo Dealing with Disruption, publicado na Risk Management, são:

  1. Mudanças no comportamento do cliente;
  2. Novos tipos de competição;
  3. Mudanças regulamentares;
  4. Novos métodos de distribuição;
  5. Tecnologias de produção.

Desses fatores, podemos fazer um recorte e dizer que três se destacam:

  • Novos atores não “convencionais”: como Uber, Airbnb, Netflix, bancos digitais etc.
  • Novas tecnologias e novas aplicações das tecnologias existentes: um bom exemplo é a Internet das Coisas (Internet of Things) que possibilita a combinação de tecnologias digitais existentes com análise de dados para transformar processos e indústrias de negócios. Técnicas avançadas de fabricação – como impressão 3D e 4D – servem também como exemplos de tecnologias que têm o potencial de criar novos recursos e modelos de negócios que podem mudar a estratégia de vários setores da indústria. Podemos adicionar à lista blockchain, machine learning etc.
  • Novas ameaças existenciais: espera-se, por exemplo, que as mudanças climáticas forcem empresas a diminuírem a emissão do carbono. Existe ainda a ameaça geopolítica, que pode aumentar a instabilidade de empresas do mundo inteiro.

Para permanecer competitiva e combater essas e outras ameaças, as organizações podem buscar duas estratégias, como cita o artigo Risk Management in the Age of Digital Disruption:

  • Construir estruturas de gerenciamento de riscos ágeis e flexíveis que possam antecipar e se preparar para as mudanças que trazem sucesso a longo prazo;
  • Construir a resiliência que permitirá que essas estruturas atenuem os eventos de risco e mantenham os negócios em direção a seus objetivos.

Além das duas estratégias citadas, enquanto a disrupção pode ser uma força poderosa atuando sobre a empresa, destacamos o planejamento de cenários, o qual permite gerenciar inteligentemente essa mudança.

A ferramenta de elaboração de cenários refere-a a essencialmente pensar em situações “e se” (em inglês conhecido por what-if), com possíveis cursos de ação para cada um dos eventos. Importante ressaltar que não se trata apenas de pensar em cenários negativos – ou seja, de ameaças -, mas também de oportunidades.

Disrupção além das ameaças

Por definição um risco pode ser tanto uma ameaça quanto uma oportunidade. Para ser classificado como oportunidade, ele continua sendo uma incerteza, com a diferença de que, se ocorrer, terá um efeito positivo em um projeto.

Conforme artigo publicado no site da PMI (Effective strategies for exploiting opportunities), para aumentar a probabilidade de uma oportunidade ocorrer pode-se buscar “facilitar ou fortalecer a causa do risco, visando proativamente reforçar quaisquer condições de gatilho que possam ter sido identificadas”.

Portanto, a disrupção pode ter uma esfera negativa, bem como uma positiva. Com relação à exploração de oportunidades, o texto da Risk Management menciona que “empresas podem aprender com o que deu errado e fortalecer seus controles e procedimentos para garantir que esses eventos não ocorram novamente ou, se ocorrerem, possam reduzir sua severidade”.

E como apenas olhar para trás não é o suficiente. Organizações podem olhar para o que as novas tecnologias podem oferecer em termos de novos produtos e serviços. No setor automotivo, por exemplo, os carros elétricos podem significar novas receitas.

Para que novas oportunidades possam ser visualizadas, a sugestão trazida pelo artigo pode estar na Inteligência Artificial: “o investimento em novas tecnologias – particularmente a IA – é vital para descobrir onde a organização é mais suscetível a disrupções, principalmente devido à enorme quantidade de dados que esses programas podem coletar e processar. A adoção de tais tecnologias liberará funções de risco para se concentrar em um trabalho mais estratégico – e, finalmente, agregador de valor”.

Concluindo

Sabemos que as mudanças no mundo conectado e complexo que vivemos nos dias de hoje podem ocorrer mais rapidamente do que os processos convencionais de tomada de decisão são capazes de gerenciar.

Esperar o futuro chegar é algo que empresas não podem se dar o luxo de fazer. Corporações que hoje são consideradas líderes devem estar cientes de que elas são apenas tão boas quanto seus produtos e serviços são atualmente. Caso aconteça de um novo player despontar, vendendo algo novo, com qualidade e a um preço mais baixo, as líderes correm o risco de morrerem (exatamente da mesma maneira que aconteceu com Kodak e Blockbuster).

É exatamente para evitar o fim que, como cita o artigo da Risk Management, grandes líderes como Microsoft e Google gastam bilhões de dólares todos os anos. O investimento é tanto para que consigam reter suas posições, mas também para que possam crescer além e ganhar cada vez mais espaço.

Para identificar “fatores conhecidos” a fim de prever o futuro e definir a melhor estratégia para lidar com ele, não esqueça de aplicar a gestão de riscos no seu negócio. Se você tiver dúvidas, sugerimos que aprofunde-se no tema com os artigos abaixo:

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Créditos imagem: Unsplash por Simon Abrams

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Patricia C. Cucchiarato Sibinelli
  • Diretora Executiva
  • Mentoria em gestão de negócios.
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